Friday, August 18, 2017

A combativa Greve Nacional por tempo indeterminado dos professores no Peru chega ao seu segundo mês e conta com grande adesão das massas

Professores

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A combativa Greve Nacional por tempo indeterminado dos professores no Peru chega ao seu segundo mês e conta com grande adesão das massas.

Manifestação de professores toma as ruas de Huancavelica durante Greve Nacional
 
No início de agosto, em Huancavelica, os professores tomaram a Praça de Armas e ergueram barricadas, enfrentando as forças de repressão do velho Estado. A Greve Nacional se estende a dezenas de escolas, nas regiões andinas de Cusco, Puno, Ayacucho, Ancash, Lambayeque e Piura do Norte.
Em Lima, as mobilizações são intensas, sobretudo em Villa El Salvador e Villa María del Triunfo, onde os professores do 13º setor do Sindicato Único de Trabalhadores na Educação (SUTEP) desenvolvem persistente trabalho junto às massas, aplicando a linha classista que vem ganhando a adesão e ampliando o movimento que avança ao sul de Lima.
No dia 08/08, milhares de professores vindos de 22 regiões do país se concentraram na Praça San Martín e avançaram em direção ao Congresso. Essa grande mobilização foi organizada pelo SUTEP e balançou as ruas de Lima.
Os professores em greve apontam contra os ataques do gerenciamento reacionário de Pablo Kuczynski, como a “Nova lei universitária 30.220” e a “Nova lei de reforma magisterial 29.944”, e o plano de aplicar a “qualificação de desempenho”, visando precarizar a categoria e criar setores ainda mais precarizados.
As ‘Qualificações de Desempenho Docente’ servem para engolir o magistério nacional com uma onda de demissões massivas, com o único fim de destruir a Educação Pública e Gratuita no afã de alimentar um punhado de grandes burgueses que vivem às custas do trabalho de nosso querido povo”, explicou o Movimento Estudantil Popular (MEP), em panfleto circulado em julho.

 
Sustentar a luta até a vitória
Em 4 de agosto, os professores rechaçaram as propostas do governo e do Ministério da Educação, ratificando que a Greve Nacional por tempo indeterminado continua “até que se atenda a totalidade das reivindicações” que são:
- Defesa da Escola Pública e Gratuita, contra a privatização das Instituições Educativas através das APP (Associações Público Privadas).
- Defesa da estabilidade no regime de trabalho e dos direitos conquistados sob a lei nº 24029. Pela revogação da lei de “Reforma Magisterial” nº 29944 e pela imediata reposição dos professores demitidos.
- Pelo pagamento imediato da dívida de bonificações pelo cumprimento de 20, 25 e 30 anos de serviços, subsídios por luto e funeral, 30% por bonificação de preparação de aulas, férias, transporte etc.
- Aumento dos salários para todo o magistério em atividade e o incremento das pensões para professores afastados e aposentados.
- Nomeação automática dos professores contratados.
- Contra a perseguição política e criminalização das lutas populares.
No Peru, os professores de primeiro nível recebem um salário mensal de 1.780 soles (aproximadamente R$ 1.720,00). Os professores em greve exigem, entre outras reivindicações, um salário base de 4.050 soles (cerca de R$ 3.910,00).
A gerência Kuczynski oferece, como se fosse grande coisa, um reajuste dos salários para 2.000 soles e uma promessa de capacitação dos professores antes das qualificações desempenho docente.
Avançando pelo interior
A greve e as manifestações se alastraram pelo interior do país e somam cada vez mais pessoas e ações combativas.

Na Província de Huancavelica, os professores se reuniram em uma grande manifestação após reuniões nas escolas.
No dia 02/08 foram registrados alguns protestos na região central de Cusco realizados por grupos provenientes de diferentes localidades, principalmente do chamado VRAEM (Vale dos Rios Apurímac, Ene e Mantaro). Em Cusco, os protestos são quase diários, e ocorrem quase sempre em locais de grande afluxo de turistas, o que dá grande visibilidade à luta dos professores. Na região central da cidade, milhares de pais de alunos e professores marcharam pelas ruas e percorreram a Praça de Armas no dia 03/08. Foram registrados confrontos com as forças de repressão.
No dia seguinte (04/08), realizaram-se novas manifestações por todo país país, algumas com confronto entre grevistas e forças da repressão. Em Ayacucho, um grupo de professores do SUTEP ocupou a sede da Unidade de Gestão Educativa Local (UGEL-Huamanga) em protesto contra o corte de ponto.
Na província de Andahuaylas, os professores se acorrentaram em frente ao “Banco da Nação” e à municipalidade provincial, bloquearam o acesso à Praça de Armas da cidade e entraram em confronto com a polícia.
Greve em meio à Guerra Popular
Em 15/06, um comunicado do Exército Popular de Libertação (EPL), dirigido pelo Partido Comunista do Peru (PCP), que anunciava o êxito de uma série de ações armadas em Lima com o aniquilamento de vários agentes da repressão, fazia a seguinte análise:

“Recentemente, o Peru tem sido palco de intensas mobilizações, como o amplo movimento grevista contra a mineradora Las Bambas no distrito de Challhuahuacho, província de Cotabambas (Apurímac). Os professores também sinalizam radicalizar sua luta e, no interior do movimento, há uma acirrada disputa entre a linha revolucionária e a falida linha oportunista de setores do SUTEP (Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação do Peru) ligados à Linha Oportunista de Direita (LOD)” que, como aponta a nota, sempre quer “trazer a cauda do revisionismo ao SUTEP” para desviá-lo do rumo classista e combativo: “A LOD procura contrapor as lutas dos professores com a luta do povo e tenta minar a reativação do SUTEP classista e combativo”, disparou.
A direção classista e combativa dos professores vai forjando-se, firmemente ligada às massas do magistério, no combate ao oportunismo e toda a reação. Particularmente em Lima e Huancavelica, os setores mais combativos do SUTEP desmascaram o oportunismo e combatem tenazmente as políticas antipovo e vende-pátria do velho Estado e seu gerente de turno Pedro Pablo Kuczynski (mais conhecido como PPK), aplicadas pela ministra da educação Marilú Martens Cortés, para a destruição da educação no país.
Saudações classistas
Em mensagem datada de 04/08 dirigida aos professores em luta, a Liga Operária e o Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação (Moclate), enviaram desde o Brasil sua saudação à massiva e combativa Greve Nacional de professores do Peru.
“Saudamos calorosamente a justa revolta dos professores peruanos que durante os mais de 44 dias de paralisação protagonizam vigorosos protestos em várias regiões do país, como dezenas de cortes de vias públicas”.
E conclui: “As bandeiras de luta dos docentes peruanos são extremamente justas e nesse sentido o Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação e a Liga Operária se espelham na combatividade da atual greve nacional dos professores do Peru e continuam mobilizando e organizando os professores brasileiros na luta contra os ataques à educação pública, pelos direitos do povo e também no combate ao oportunismo”.
Mais Greves
A greve de médicos, que começou em 04/07, segue sendo engrossada por profissionais de diferentes especialidades. Em 04/08, os obstetras se somaram à paralisação, principalmente nas regiões de Lima, La Libertad, Lambayeque, Junin e Loreto.
Já no dia 07/08, se somou à greve a categoria dos enfermeiros, que junto com os médicos protestam contra a péssima situação do sistema público de saúde.